O Projeto Argonauta: Cephalopoda de interesse conquiliológico em SC
Apropriadamente descrita na literatura técnica malacológica, “CEPHALOPODA ( do grego Kephalee : cabeça ; Pous, Podos : Pés = pés na cabeça )” é sem duvida alguma o grupo de invertebrados mais evoluído ; moluscos de simetria bilateral, com corpo alongado no eixo antero-posterior, destacando uma cabeça anterior, mais o menos globuloide e muito desenvolvida ( assim como os órgaos sensoriais ), a qual esta inserido o pe, transformado em braços com ventosas na sua superfície ventral ( coroa ou anel de tentáculos em volta da boca, rodeada por lábios, e provida de uma mandíbula escura, ponteaguda, com rebordos cortantes curvos, que lembra o bico dos papagaios ) em numero variável, apresentando também longos tentáculos nalguns dos seus representantes ( em geral, Lulas e Sépias possuem 10 tentáculos – 8 do mesmo tamanho e 2 maiores ; já os Polvos apenas 8, todos iguais ), que permitem em geral ao animal andar, nadar, capturar e imobilizar as presas ( intenso mecanismo de ataque e defesa ), e a massa visceral posterior. Corpo totalmente revestido pelo manto, tendo na sua parte ventral o denominado sifão ou hyponomo, que participa na respiração ao eliminar a água proveniente das brânquias ( trás o aproveitamento do oxigênio ), para a eliminação dos dejetos, bem como os produtos sexuais, e permitir alem ao animal mover-se com grande rapidez, quando preciso, expulsando com forca a água retida na cavidade palial ( canal de comunicação com o exterior ). Animais de concha ausente ( Polvos ), interna ( Sépias e Lulas ) ou externa ( Nautilus ( exótico do Indo-Pacifico ).
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Adaptado de:
Pitoni, Vera Lúcia; Inga Ludmila
Veitenheimer & Maria Cristina Dreher Mansur. 1976. Moluscos do Rio Grande do Sul: coleta, preparação e conservação. Iheringia, Porto Alegre, Sér. Divulgação, ( 5 ): 25-68 ( pp. 58-59 ). |
Conforme especialistas, atualmente são conhecidas/registradas para o litoral do Brasil um total de 45 espécies de moluscos Cefalópodes ( Cephalopoda ), incluídas em 31 gêneros e 15 famílias, sendo estimado ainda um total de 60 espécies para nossa línea costeira e plataforma continental. Destas, pelo menos 5 são consideradas potenciais recursos pesqueiros passiveis de exploração industrial, sendo que apenas outras 3 resultam de interesse Conquiliológico, os fascinantes e diferenciados moluscos objeto da nossa atenção nesta oportunidade.
A magistral obra malacológica de “Eurico Santos” particularmente expressa o seguinte ( textual ) :
“Uma bela coleção de conchas devera possuir as belezas e as raridades.
Não poderá faltar uma concha de argonauta perfeita, pois as trazidas a certas praias, pelas correntes, mostram-se sempre defeituosas devido a sua delicada constituição.”
No que respeita a região costeira Sul brasileira do Estado de Santa Catarina – SC, que conta com 580 quilômetros de litoral continental e insular ( entre o Rio Mampituba, no Passo de Torres – divisa com RS, e a Barra do Saí, na região do Itapoá – divisa com PR ), a atual literatura malacológica disponível apresenta uma cita total de 2 famílias pelágicas monotípicas, gêneros e espécies concretas destes moluscos :
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FAMILIA: Spirulidae Owen, 1836
-Spirula spirula Lamarck, 1801 ( tipo Sépia ; apresentam concha interna ). |
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FAMILIA: Argonautidae Naef, 1912
-Argonauta nodosa Lightfoot, 1786 ( tipo Polvo )** |
**Em fêmeas de Argonauta os braços dorsais secretam uma concha externa, que serve de cápsula ovígera, abandonada apos a eclosão, sendo que elas podem deslocar-se arrastando a concha e podem encolher-se dentro dela ao ponto de ocultar-se totalmente.
Atualmente desenvolve-se, entre outros, o denominado "Projeto
Argonauta", visando levar adiante o monitoramento permanente da
ocorrência destas maravilhosas e singulares criaturas no litoral
Catarinense, voltado paralelamente ao preenchimento / alcance do seu
melhor conhecimento regional.
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Para maiores informações ao respeito, consulte o nosso Boletim AM nº 32-34 – Setembro-Novembro de 2003.
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