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Desenho tomado de Abril Ed. 1995.- Arqueologia,
Os Detetives do Tempo. São Paulo: Abril Jovem S.A., Coleção
Disney Sabe-Tudo, no. 4, p. 14 |
Os aborígines da Pré-História brasileira ( isto é, anteriores à chegada de Cabral ) moravam em aldeias, tanto no interior como no
litoral. Por isso, na arqueologia nacional fala-se em Sítio
Arqueológico de Interior e Sítio Arqueológico de Litoral, este último
também conhecido como SAMBAQUI. Maiores informações ao respeito em
nossos Boletins AM nº 13 ( seção MISCELÂNEA ), nº 27 ( Sambaqui-Relíquia Antropo-Paleo-Malacológica ) e nº 35 (
Moluscos Continentais Depositados no MASJ -
SC ).
As aldeias de aborígines no litoral ficavam à
beira-mar ou junto a rios, e viviam da caça, pesca e da coleta
de conchas e frutos silvestres.
Consta o seguinte na literatura malacológica disponível para o Estado do Rio Grande do Sul – RS ( Thomé 1971, p. 12 ) :
“Os indígenas do Rio Grande do Sul foram grandes apreciadores de moluscos marinhos e mesmo de caracóis terrestres, o que se comprova pelos montes de conchas que se localizam em diversas regiões ao longo do nosso litoral e que recebem a denominação de “sambaquis. ... as “naiades” de águas doces bem como os grandes “caracóis” terrestres são de alto valor nutritivo ...”.
Referência : Thomé, José Willibaldo. 1971. Os moluscos da pré-história aos nossos dias. Iheringia, Porto Alegre, Ser. Divulgação., ( 1 ) : 11-16.
Clique nas imagens para ampliar O sambaqui na costa catarinense
A
pesquisa arqueológica brasileira tem se dedicado ao estudo
sistemático da ocupação da costa por pescadores
e coletores que se instalaram na faixa litorânea por volta
de 6.500 anos AP ( Antes do Presente ), sendo o principal vestígio
desse grupo o tipo de sitio denominado Sambaqui ( também
conhe cido como Cemitério Indígena, Casqueiro ou Berbigueiro
), tema de intere sse cientifico desde a 2da. metade do Século
XIX. Encontrados em toda a costa do Brasil ( estima-se a existência
de pelo menos 900, 100 somente no Estado de Santa Catarina ), Sambaqui
e uma palavra de etimologia Tupi, lín gua falada pelos horticultores
e ceramistas que ocupavam parte significativa da costa brasileira
quando os europeus iniciaram a colonização. "Tamba"
significa CONCHAS e "Ki" AMONTOADO, que são as
características mais marcantes desse tipo de sitio, caracterizados
básicamente por serem uma elevação de forma
arredondada que, em algumas regioes do Brasil, chega a ter mais
de 30 m de altura, construídos básicamente com restos
faunisticos como conchas, ossos de peixe e mamíferos, sendo
que os restos que mais sobressaem na composição dos
sambaquis são as conchas de Berbigao ou Vongolé (
Anomalocardia brasiliana ), diferentes espécies de Ostras,
a Alme joa Lucina pectinata, e os Mariscos ( Gaspar 2000, pp. 8-10
).
Localização aproximada das
principais áreas com sambaquis conhecidos ao largo da orla
marítima do Estado de Santa Catarina
(adaptado de: Rodrigues 2002)
Fonte:
- Gaspar, Madu. 2000. Sambaqui : arqueologia do litoral brasileiro.
Rio de Ja neiro : Jorge Zahar Ed., 89 p.
- Rodrigues, Patrícia. 2002. SC investe no maior Sambaqui
do mundo. Florianópolis : Jornal Diário Catarinense,
Quinta-feira 29 de Agosto de 2002, p. 24.
Clique nas imagens para ampliar
Testemunhas de um extinto patrimônio arqueológico
No acervo arqueológico do Museu do
Parque Cyro Gevaerd, da SANTUR - Camboriú, procedente
de Sítio (Sambaqui) da Praia das Laranjeiras (no Município
de Camboriú), contam-se 2 exemplares de moluscos pulmonados
terrestres Strophocheilidae sp em estado fóssil, conjuntamente
com várias espécies de moluscos marinhos que
serviam de fonte alimentar aos moradores pré-históricos
daquela região costeira, assim como mais um exemplar
(pelo visto da mesma espécie) formando parte do sepultamento
humano fóssil com registro de catálogo interno
do Museu nº 158 (concha localizada a direita do torax),
todos com datação aproximada de 4.990 a.C. ,
o que evidencia a importância que os hoje chamados Aruás-do-Mato
já tinham para o homem do Brasil primitivo não
só no diário sustento alimentício mas
também nos seus possíveis atos rituais e funerários
(o nosso Arquivo Malaco-Fotográfico possui no
seu acervo 13 peças que ainda documentam os fatos expostos).
Exemplares da espécie mencionada, procedentes do Sitio Arqueológico
Laranjeiras II (Cerâmica Itararé), encontram-se ainda depositados
no "Museu do Homem do Sambaqui" do Colégio Catarinense, em
Florianópolis. Maiores informações ao respeito podem ser obtidas
visitando o Boletim AM no. 13, Fevereiro de 2002 ( A Malacologia Não
Marinha no Estado de SC - A Pesquisa Conquilio-Malacologica no
Estado ).
Clique nas fotos para ampliar
Hoje a Praia das Laranjeiras forma parte do Complexo Eco-Turístico
comercial denominados Parque Unipraias
- http://www.unipraias.com.br
ANTES DO HOMEM – MALACOFAUNA FÓSSIL DO BRASIL
Uma rápida olhada aos conteúdos da fascinante literatura malacológica indispensável para o conhecimento e estudo aprimorado dos Moluscos Fósseis, marinhos e continentais, ocorrentes no território Brasileiro ( Magalhães & Mezzalira 1953 ; Simone & Mezzalira 1994 ) revela, entre outros, os seguintes aspectos relevantes :
Quanto a Bivalves de Água Doce ou Naiades ...
Registro da ocorrência fóssil no Brasil de representantes da Ordem UNIONOIDA ( Magalhães & Mezzalira 1953, pp. 103-106 ; Simone & Mezzalira 1994, pp. 75-77 ) entre os períodos geológicos "Permiano" ( 290-248 milhões de anos a.C. - Final da Era Paleozóica ) e "Holoceno" ou Recente ( os últimos 11 mil anos até hoje ), merecendo particular destaque os gêneros :
- Diplodon Spix, 1827 ( entre os períodos "Jurássico a Cretáceo" da Era Mesozóica = 206-65 milhões de anos a.C ), e ...
- Anodontites Bruguiére, 1972 ( entre o "Cretáceo", no final da Era Mesozóica = 142-65 milhões de anos a.C. ), e o período "Plioceno", no final da Era Cenozóica ou Neó-Geno = 24-1,8 milhões de anos a.C. ).
As Naiades fósseis da Ordem VENEROIDA contam neste caso apenas com a representação do gênero Sphaerium Scopoli, 1777, do período geológico"Cretáceo", final da Era Mesozóica = 142-65 milhões de anos a.C. ( Simone & Mezzalira 1994, p. 88 ).
Quanto a Gastrópodes Continentais ...
Registro da ocorrência fóssil no Brasil de apenas 1 representante do gênero límnico Pomacea ( Perry, 1810 ) - Subclasse PROSOBRANCHIA, sob a sinonímia Ampullaria Lamarck, 1799 ( Magalhães & Mezzalira 1953, p. 173 ), e de formas límnicas e terrestres da Subclasse PULMONATA ( Magalhães & Mezzalira 1953, pp. 219, 220-225 ; Simone & Mezzalira 1994, pp. 49-51 ), entre os períodos geológicos "Cretáceo" ( no final da Era Mesozóica = 142-65 milhões de anos a.C. ) e "Holoceno" ou Recente ( os últimos 11 mil anos até hoje ), merecendo particular destaque os gêneros :
- Biomphalaria Preston, 1910 ( entre os períodos "Cretáceo" e "Plioceno", no final da Era Cenozóica ou Neó-Geno = 24-1,8 milhões de anos a.C. ), ...
- Megalobulimus Miller, 1878 ( entre os períodos "Pleistoceno" (= 1,8 milhões de anos a.C. ) e "Holoceno" ou Recente da Era Cenozóica - Época Quaternária ), ...
- Bulimulus Leach, 1814 ( do período geológico "Paleoceno", início da Era Cenozóica ou Paleógeno = 65-24 milhões de anos a.C. ), e ...
- Thaumastus Albers, 1860 ( do período "Pleistoceno" da Época Quaternária ? ).
MOLUSCOS FÓSSEIS EM SANTA CATARINA – SC
São escassos os registros, e incluem a ocorrência de apenas 1 espécie de Gastrópode e 8 de Bivalves Marinhos, para o final do período "Carbonífero" ( 354-290 milhões de anos a.C. ), o transcurso do período "Permiano" = 290-248 milhões de anos a.C. ( no final da Era Paleozóica ), é o"Triássico", no início da Era Mesozóica = 248-206 milhões de anos a.C. ( Magalhães & Mezzalira 1953, pp. 78, 81, 83, 96, 109-110, 124 ; Simone & Mezzalira 1994, pp. 16, 72, 74, 80-82, 98 ).
Outras informações acerca de registros Catarinenses correspondentes ao período "Holoceno" ou Recente ( os últimos 11 mil anos até hoje ), podem ser obtidos através das informações contidas no início deste mesmo item, assim como no “Boletim AM nº 35 ( Ano III, Dezembro de 2003 )”, o artigo intitulado : Moluscos Continentais Depositados no MASJ – SC .
Referências:
Magalhães, Júlio & Sérgio Mezzalira. 1953. Moluscos Fósseis do Brasil. Rio de Janeiro, RJ : Instituto Nacional do Livro, Dep. Imprensa Nacional, 287 p.
Simone, Luiz Ricardo Lopes de & Sérgio Mezzalira. 1994. Fossil Molluscs of Brazil. Boletim do Instituto Geológico, São Paulo, ( 11 ) : 1-202.
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