AVULSOS MALACOLOGICOS
Boletim Informativo do CIEAC
Especial IV - Coletanea Naiades ou Anodontes
Ano II , no. 16-A , Maio de 2002


INDICE

Coletanea de Editados Naiades ou Anodontes
Referencias

- COLETANEA DE EDITADOS NAIADES OU ANODONTES

A primeira quincena de Setembro do passado ano de 2001, marcou o inicio no CIEAC da nossa, por assim chamar, carreira em prol do conhecimento es pecifico das especies de Bivalves de Agua Doce, Anodontes ou Naiades, oco rrentes no Estado de Santa Catarina - SC, sendo consultados aos efeitos nu merosos pesquisadores e malacologos nacionais e internacionais ( Bivalvos de Agua Doce = Transmissoes Publicas PDPM datadas 9 e 16 de Setembro de 2001, 1 p. impressa c/u ; ver o nosso Boletim AM no. 10, Novembro de 2001 ), alem de importantes organizacoes malacologistas, tais como a Fresh water Mollusk Conservation Society ( http://ellipse.inhs.uiuc.edu/FMCS ), ca minhos estes trilhados que ao final nos reportaram abundante e valiosa infor macao / documentacao bibliografica de primeira mao, e nos conduziram a lem , em forma quase unanime, ate um importante e respetado nome do ambi to cientifico nacional : Profa. Dra. Maria Cristina Dreher Mansur, da Pontificia Universidade Catolica do Rio Grande do Sul - PUCRS , Porto Alegre-RS, ma xima autoridade ( assim reconhecida internacionalmente ) em este grupo de moluscos no Brasil ( ver o nosso Boletim AM no. 10, Novembro de 2001 ).

Consultada pois a Dra. Mansur, recebemos dela ( em forma particular e dis creta ) a seguinte resposta ( Mansur 2001 ), textual : ... infelizmente nada exis te publicado sobre os bivalves de agua doce do Estado de Santa Catarina. E xistem raras citacoes em algumas obras ... ( Boletim AM no. 10, Novembro de 2001 ).

Partindo deste fato plenamente sustentado, e com o suporte da literatura es pecializada obtida a traves dos pesquisadores em geral consultados ( ver o nosso Boletim Am no. 10, Novembro de 2001 ), foi dada finalmente a largada no CIEAC para atingir ( ... ou tentar ao menos ) o conhecimento certo das Naiades ou Anodontas de Agua doce do Estado de Santa Catarina.

Hoje, a traves da presente Coletanea Especial, apresentamos os resultados iniciais deste nosso modesto esforco : uma revisao e rapida passagem sin tetizada pelas informacoes anteriormente compiladas e editadas pelo Bole tim AM acerca destes interessantes e ainda pouco conhecidos / estudados moluscos dulcicolas no Estado, esperando contribuir assim ao alcance futu ro do seu melhor conhecimento, compreensao e consequente conservacao :


BOLETIM AM no. 7, AGOSTO 2001, MISCELANEA

ALIMENTO VIVO : Os gastropodos pulmonados terrestres Megalobulimus ovatus* (= Bulimus ovatus), Auris bilabiata melanostoma* (= Bulimus mela nostomus) e Thaumastus taunayi* (= Bulimus taunayi), sao apresentados na literatura disponivel como potencial alimento para animais de terrario ( rep teis ) e de aquario ( grandes peixes ), alem de lesmas, mexilhoes ( de agua doce e marinhos ), e caramujos dulcicolas ( Vieira 1986, pp. 37-42 ).
*( Oliveira & Almeida 1999, pp. 29, 34, 41 ).


BOLETIM AM no. 8, SETEMBRO 2001, ITEM no. 3

CATALOGO - NOMES VERNACULOS MOLUSCOS BRASIL

MOLUSCOS DULCICOLAS :
Concha = Classe dos Bivalvia em geral.
Mexilhao-de-agua-doce = Bivalvos dulcicolas em geral.
Tarioba = Bivalvos dulcicolas em geral.


BOLETIM AM no. 9, OUTUBRO 2001, ITEM no. 5

ADENDA CATALOGO - NOMES VERNACULOS MOLUSCOS

MOLUSCOS DULCICOLAS :
Ita = Bivalvos de agua-doce em geral.


BOLETIM AM no. 10, NOVEMBRO 2001, ITENS nos. 4 e 5

PESQUISA - MALACOFAUNA NAO MARINHA DA G.F.

O CIEAC encontra-se atualmente realizando o levantamento inedito da mala cofauna terrestre e dulcicola existente na regiao da Grande Florianopolis, no Estado de Santa Catarina.

Classificada socio-economicamente sob o nome de Mesorregiao da Grande Florianopolis ( G.F. ), geograficamente este setor encontra-se localizado na porcao central-leste costeira do Estado ( Santos 1974, pp. 10 e 12 - Mapas ), incluindo 3 Microrregioes e 21 Municipios ( Ribas Junior 1998, p. 152 ), sen do que a chamada Microrregiao de Florianopolis, integrada por 9 Municipios ( Antonio Carlos, Biguacu, Florianopolis, Governador Celso Ramos, Palhoca, Paulo Lopes, Santo Amaro da Imperatriz, Sao Jose e Sao Pedro de Alcantara ) e a geografia de imediata atencao por parte do CIEAC para o desenvolvi mento deste estudo malacofaunistico em andamento, embora so esteja atin gindo, por enquanto, particularmente os 4 Municipios mais proximos a Ilha de Santa Catarina : Florianopolis e Sao Jose ( no Centro ), Biguacu ( no Nor te ), e Palhoca ( no Sul ), cujas condicoes meio-ambientais ja foram discuti das anteriormente ( ver o nosso Boletim no. 5, Junho de 2001 ).

Os primeiros resultados deste levantamento da malacofauna terrestre e dulci cola regional ja foram informados por nos, sistematicamente e a grosso mo do, desde o inicio do ano ( ver os nossos Boletins nos. 1, 3, 4, 5 e 6 ), abar
cando ate agora um total de 23 especies gastropodas ( 5 dulcicolas e 18 te rrestres ) e 1 bivalvia, detectadas em vida livre ou silvestre em 17 localidades ( 12 do Municipio Florianopolis e 5 do Municipio Palhoca ), taxonomicamente distribuidas em 2 Classes :

GASTROPODA, com 2 Subclasses ( 1 Prosobranchia = Ordem Mesogastropo da, e 21 Pulmonata = Ordens Basommatophora e Stylommatophora ), e ...

BIVALVIA, com 1 Subclasse ( 1 Heterodonta = Ordem Veneroida, Familia Sphaeriidae ) ... ( ver o item seguinte no. 4 deste Boletim AM ).

, mesmos contidos em 21 generos e 16 familias, segundo a organizacao ex posta por ... ... , Mansur et al ( 1987 ), ... , Watters ( 1996 ), Cummings & Mayer ( 1997 ), Cummings ( 1999 ), ... .

Enquanto a moluscos bivalvos dulcicolas, nada e informado ao respeito para o Estado na literatura malacologica disponivel ate agora examinada ( ver ao respeito o item especifico no. 5 deste Boletim ).


MORRETES E OS BIVALVOS DULCICOLAS DO SUL BRASILEIRO

Frederico Lange de Morretes ( 1949, pp. 17-21, 24-25, 27-30 ; 1953, p. 39 ) cita um total de 32 especies de bivalvos de agua-doce apenas para localidades dos Estados imediatos vizinhos a Santa Catarina, sendo que uma revisao sinonimica das mesmas, com ajuda de especialistas no grupo consultados aos efeitos ( Cummings 2001, Mackie 2001, Ituarte 2001, Korniushin 2001, Mansur 2001 ), jogo como resultado final atualizado o registro de so 22 es pecies, alem de 2 cuja existencia como tais e questionada :

Parana-PR, citando as seguinte especie : Diplodon paulista, sob a sinonimia = Diplodon (Diplodon) semigranosus ; alem dos generos Pisidium sp e Spha erium sp, da familia Sphaeriidae ( para uma revisao generica, ver Mansur et al 1987 ).

Rio Grande do Sul-RS, citando as seguintes 16 especies : Diplodon paralle lipipedon parallelipipedon, sob a sinonimia = Diplodon (Diplodon) parallelipi pedon ; Diplodon (Diplodon) charruanus ; Diplodon (Diplodon) piceus, alem sob as seguintes sinonimias = Diplodon (Diplodon) hildae, Diplodon (Diplo don) berthae ; Diplodon uruguayensis x expansus, sob a sinonimia = Diplo don (Diplodon) trivialis ; Diplodon rotundus gratus, sob as seguintes sinoni mias = Diplodon (Diplodon) gratus, Diplodon (Diplodon) deceptus ; Castalina martensi ; Castalina psammoica ; Monocondylaea paraguayana ; Monocondy laea minuana, alem sob a seguinte sinonimia = Monocondylaea parchappi ; Anodontites ( Anodontites ) patagonicus patagonicus, sob a sinonimia = Ano dontites (Pachyanodon) patagonica patagonica ; Anodontites ( Anodontites ) trapezeus, sob a sinonimia = Anodontites (Pachyanodon) patagonica rubicun da ; Anodontites ( Anodontites ) mortonianus, sob a sinonimia = Anodontites (Pachyanodon) iheringi ; Anodontites ( Anodontites ) exoticus susannae, sob a sinonimia = Anodontites (Pachyanodon) riograndensis ; Anodontites ( Ano dontites ) trapesialis forbesianus, sob a sinonimia = Anodontites (Pachyano don) forbesiana ; Leila blainvilleana, sob a sinonimia = Leila blainvilleana rio grandensis ; Mycetopoda legumen ; Neocorbicula limosa, sob as sinonimias = Corbicula ( Cyanocyclas ) obsoleta, Corbicula ( Cyanocyclas ) guahybensis , e Corbicula ( Cyanocyclas ) iheringi. Alem destas, as seguintes 2 especies : Pisidium globulus, questionada como tal pelos especialistas no grupo devi do a seus antecedentes duvidosos ( Mansur 2001 ), e Byssanodonta riogran densis, tambem questionada pelas mesmas razoes anteriores na literatura especializada ( Mansur & Veitenheimer 1975, p. 24 ). Particularmente, o gene ro Byssanodonta foi recentemente reivindicado como tal pelos especialistas ( Mansur & Ituarte 1999 ).

Apenas a ocorrencia simultanea de 2 especies para os dois Estados referi dos : Diplodon ( Diplodon ) martensi, sob as sinonimias = Diplodon (Diplo don) simillimus, Diplodon (Diplodon) imitator, Diplodon (Diplodon) decipiens, Diplodon (Diplodon) suppositus ; e Anodontites (Anodontites ) soleniformis, sob a sinonimia = Anodontites ( Styganodon ) clessini.

Ainda a literatura malacologica disponivel ( Mansur 1970 ) apresenta para o Estado vizinho de Rio Grande do Sul uma revisao dos bivalvos dulcicolas das familias Hyriidae e Mycetopodidae.

Como ja foi comentado no anterior item no. 4 do presente Boletim AM, sobre moluscos bivalvos continentais dulcicolas ou de-agua-doce, nada e informa do ao respeito para o Estado de Santa Catarina na literatura malacologica disponivel examinada e comentada ate agora, fato reafirmado a nos por espe cialistas brasileiros na materia ( Mansur 2001 ).

A unica especie ate agora obtida a traves do nossos levantamentos de mala cofauna nao marinha ( ver o anterior item no. 3 deste Boletim ) corresponde, sim lugar a duvidas, ao Heterodonto Eupera klappenbachi, da familia Sphae riidae, conforme as suas caracteristicas gerais morfologicas e ecologicas ( Mansur & Veitenheimer 1975 ; Mansur et al 1987, pp. 182-184, 195 ; Mansur 2001 ), sendo que o primeiro exemplar, obtido ocasionalmente entre as rai ces de planta aquatica flutuante Pistia stratiotes ( Repolho d'agua ) no trans curso da coleta de gastropodos dulcicolas, na data 16 de Setembro de 2001 em localidade da Rua Geral Pinheira-Ponta do Papagaio, SC-433, Municipio Palhoca, regiao continental da Grande Florianopolis colindante com o Par que Estadual da Serra do Tabuleiro, e que definitivamente nos motivou a de senvolver necessaria pesquisa referencial e consulta entre especialistas na cionais e internacionais em Bivalvos Dulcicolas para sua determinacao espe cifica, assim como para fazer atualizacao do trabalho referencial historico de Morretes ( Parodiz & Hennings 1965 ; Parodiz 1968 ; Mansur 1970 ; Mansur & Veitenheimer 1975 ; Mansur et al 1987 ; Ituarte 1989 ; Watters 1996 ; Mansur & Ituarte 1999 ; Cummings 1999, 2001 ; Cummings & Mayer 1997 ; Korniushin 2001 ; Mackie 2001 ; Mansur 2001 ), apresentou pequeno porte comprimentar ( aprox. 0,5 cm. = 5 mm. ), e cor castanho com pintas, sendo muito ativo, fi xando-se as paredes do vidro no recipiente que o continha.

Posteriores amostragens aleatorias realizadas na mesma localidade, docu mentadas fotograficamente ( 15 pecas ) inclusive por nos, em datas 6-7 e 12 de Outubro de 2001, garimpadas nas raices de plantas flutuantes Pistia stra tiotes ancoradas no substrato lodoso das margens com ajuda de peneira improvisada com bastidor para malacocultivo ( ver o nosso anterior Boletim AM no. 9, Outubro de 2001 ), jogaram como resultado a obtencao de outros 130 exemplares ( mantidos tambem vivos ate hoje em recipiente de vidro e sob alimentacao a base de racao comercial para peixes de aquario Tetramin, previamente pulverizada, apresentando-se igualmente muito ativos = Man sur & Veitenheimer 1975, p. 31 ), as quais apresentaram uma escala de me didas comprendida entre os 2,5 e 7,0 mm de comprimento, tomadas com aju da de instrumentos simples de precisao ( regua graduada e paquimetro ) e o auxilio de lupa fixa, conforme os seguintes dados meristicos assim obtidos : 2 de 7,0 mm, 3 de 6,5 mm, 12 de 6,0 mm, 13 de 5,5 mm, 30 de 5,0 mm ( inclui do o primeiro exemplar obtido ), 24 de 4,5 mm, 26 de 4,0 mm, 12 de 3,5 mm, 6 de 3,0 mm, e 2 de 2,5 mm, dados conquiliologicos que revelam, inicialmente, que estas pequenas conchas dulcicolas alcanzam um comprimento meio en tre os 3,5 e 6,0 mm, informacao esta concordante com a caracterizada na des
cricao original da especie ( Mansur & Veitenheimer 1975, pp. 27-30 ).

   
 

O habitat onde foram coletados estes pequenos bivalvos apresenta a seguin te composicao : vala de banhado com aguas terrosas e fundo lodoso povoa da com plantas flutuantes, Pistia stratiotes ( Repolho d' agua ), alem de Vau cheria longicaulis ( Alga Verde Filamentosa ), Hydrocotyle ranunculoides ( Cairucu-de-brejo ), Scirpus californicus ( Tiririca ) e Typha domingensis ( Ta boa ) nas margens(*), com substrato de lodos e detritus organico e a presen ca de peixes larvofagos Phalloceros caudimaculatus ( Barrigudinho ) e preda dores Hoplerythrinus unitaeniatus ( Traira ou Boca-de-moca ), conforme a Godoy ( 1987, pp. 129, 223-224 ), alem de abundantes moluscos gastropodos pulmonados aquaticos Biomphalaria glabrata ( Caramujo ), Aplexa marmora ta e Pseudosuccicnea columella, baseado em Oliveira & Almeida ( 1999 a, pp. 10, 12-13 ), crustaceos anfipodes Gammarus neglectus ( Camaraonzinho ) e decapodes Trichodactylus fluviatilis ( Caranguejo braquiuro de agua doce ), conforme a Santos ( 1982 b, p. 116 ) e Magalhaes ( 1991, pp. 22, figs. 9-10 ; 1999, pp. 487-488 ), e insetos aquaticos diversos, tipicos nestes ambientes.

(*)Determinadas a traves da obra de Cordazzo & Seeliger (1995 ).

O genero Eupera resulta um grupo de interesse faunistico y biogeografico dentro da malacofauna dulcicola, dada sua quase exclusiva representacao nas regioes Etiopica e Neotropical ( Ituarte 1994, p. 2 ), representado na Ame rica meridional por 13 especies, incluida a Eupera klappenbachi ( Ituarte & Mansur 1993, p. 11 ).

Finalmente, ruricolas e moradores locais informaram-nos recentemente, em datas 6, 12 e 20 de Outubro de 2001, sobre a existencia em certas cachoeiras e riachos dos Municipios de Palhoca ( regiao da localidade denominada Ser tao do Campo, via Paulo Lopes ao pe da Serra do Tabuleiro ), no setor Sul continental costeiro, Tijucas ( regiao de Canelhina ) e Biguagu ( regiao de So rocaba ), no setor Norte continental costeiro da Grande Florianopolis, de con chas bivalvas de agua doce de tamanhos meio e grande ( aprox. entre 13 e 15 cm de comprimento ) e cor preto ( semelhantes aos mariscos de cultivo ( mexilhoes ) marinhos Perna perna, so que pouco mais pequenos e compri dos ), muito procuradas para sua utilizacao como remedio popular para com bater a Diabete. Tentativamente, e com base na literatura disponivel ( Mansur et al 1987, pp. 183, 189, 192 ), acreditamos que tais bivalvos dulcicolas po sam pertencer ao Ordem Unionida, Superfamilia Muteloidea, Familia Myceto podidae e, extrapolando, ao Genero Anodontites.


BOLETIM AM no. 12, JANEIRO 2002, ITEM no. 4

MAIS SOBRE MORRETES E OS BIVALVES DULCICOLAS

Os Bivalves de Agua-Doce em geral no Brasil sao popularmente conhecidos como Concha, Mexilhao-de-agua-doce, Tarioba, e Ita ( ver os nossos Bole tins AM nos. 8 e 9 ) ; mais tambem recebem o nome vernaculo de Naiades ( Mansur 1970, pp. 33-34 ) e Ameijoa-de-agua-doce.

Para um conhecimento das especies ocorrentes no Sul do Brasil, ver o nos so Boletim AM no. 10, de Novembro de 2001, alem de Mansur ( 1970, pp. 36-37, 40-41, 43-45, 47, 49-59, 65, 67-68, 73, 75-76, 79-81, 83-85 ) para revisao de sinonimias e atualizacao do trabalho malacologico pioneiro de Frederico Lan ge de Morretes ( 1949, pp. 17-22, 24-29 ).

E alem destes, existem ainda outras fontes bibliograficas de extrema impor tancia para o estudo e comprensao destes singulares moluscos no Sul do Brasil ( Parodiz & Bonetto 1963 ; Bonetto1964 ; Parodiz & Hennings 1965 ; Zanardini 1965 ; Parodiz, J.J. 1968 ).


BOLETIM AM no. 13, FEVEREIRO 2002, ITEM no. 7 e MISCELA NEA

A MALACOLOGIA NAO MARINHA NO ESTADO DE SC

Conforme informacoes suministradas anteriormente ( ver o nosso Boletim AM no. 5, Junho de 2001 ), o clima no estado de Santa Catarina e predomi nantemente Subtropical, sendo as temperaturas comuns na regiao Sul em ge ral as mais baixas do pais, que variam entre 17o e 21o C, apresentando-se um pouco mais elevadas no litoral, devido a influencia do oceano, fenomeno conhecido como maritimidade, que consiste na influencia que o mar exerce ( atraves da circulacao do ar que vem do oceano ) sobre as areas litoraneas do continente e insulares proximas, amenizando as temperaturas e suas osci lacoes, classificando-se em geral dois tipos de clima : Subtropical com ve roes blandos, proprio da regiao das terras altas ou Planalto, onde nao e in comum registros de temperaturas debaixo de 0o C, formacao de capas bran cas de congelacao nas superficies e ate precipitacoes de neve, entre os me ses de Maio e Outubro, e Subtropical com veroes quentes, predominante principalmente na regiao Costeira ( caso da maior porcao da Grande Floria nopolis ), alem de parte do Extremo Oeste Catarinense.

Nas baixadas ou planicies litoraneas de Santa Catarina as temperaturas sao superiores a 20o C, havendo maior quantidade de chuvas ( entre 1.200 e 1.500 mm. em media anual ), apresentando um padrao chuvoso caracteriza do pela presenca de chuvas finas e constantes no Inverno e chuvas mais abundantes, torrenciais e rapidas, no Verao, sendo assim o clima do subtipo Subtropical Umido, dominio da Mata Atlantica, onde predomina a vegetacao de Restingas, alem de Manguezais - um rico ecossistema que tem o seu limi te sul em SC - e Floresta de Planicies Quaternarias ( CECCA 1997a, p. 23 ; Naka & Rodrigues 2000, pp. 21-22 ). Particularmente, a regiao geografica da ilha de Santa Catarina e adyacencias continentais, situada nas medias latitu des a 27o S, apresenta caracteristicas climaticas controladas pela conse quente convergencia entre as correntes marinhas de massa Polar Maritima do Sul ( das Malvinas ) e Tropical Maritima do Norte ( do Brasil ), com tem peratura media oscilando entre 18o e 15o C no Inverno e entre 24o e 26o C no Verao, sendo a media anual de 20.4o C ( CECCA 1997b, p. 22 ; Padron 1999, p. 81 ). Hidrografica e biogeograficamente localiza-se em uma ampla zona de transicao heterogenea faunistica e floristica de ambientes quentes Tropicais, incluso Caribicos ( ver o nosso Boletim no. 1 - Fevereiro de 2001 ), Subtropi cais e frios Patagonicos, condicoes que determinan uma composicao hetero genea do meio ambiente local ( Padron 1999, pp. 81-82 ; Ruhland & Saalfeld 1987, p. 84 ).

O fato de predominar o clima Subtropical na regiao, favoreceu o desenvolvi mento de culturas nao tropicais no Brasil, como o centeio, a cevada e o tri go, trazidas da Europa a partir do final do seculo XIX por imigrantes colonos Alemaes, mesmos que posteriormente, na decada de 40 do passado seculo
XX ( ver o nosso Boletim AM no. 11, Dezembro de 2001 ), tentaram introduzir por essa epoca, sem exito no Estado, os primeiros escargots da especie He lix aspersa aspersa ( ver, alem, Globo 1994, p. 29 ; e o nosso Boletim no. 3 - Abril de 2001 ), onde ainda hoje existem exemplares sob forma silvestre que viraram praga de hortas inclusive ( ver o nosso Boletim AM no. 6, Julho de 2001 ), demostrando assim o seu grande poder de aclimatacao ao clima re gional.

A PESQUISA CONQUILIO-MALACOLOGICA NO ESTADO :

A Malacologia Brasileira teve inicio na Europa ( Viena ) do seculo XIX, no ano de 1897, com os estudos sobre Gastropodos Pulmonados e Bivalvos de A gua Doce de Herman von Ihering, sendo que nos anteriores seculos, XVII e XVIII, o Brasil foi apenas um campo de coletas por parte de estrangeiros, de positando integro o material coletado em museus Americanos e Europeus. Assim, especificamente, o Estado de Santa Catarina foi visitado durante o se culo XIX ( entre os anos de 1803 e 1840 ) pelo menos por 2 coletores Alema es = particularmente Florianopolis, em 1803-1804, 1 expedicao de Franceses = Florianopolis, em 1822, e 1 coletor Italiano ( ver o nosso Boletim AM no. 8, Setembro de 2001 ).

   
 

No acervo do Museu do Parque Cyro Gevaerd ( ja comentado anteriormente ) contam-se alem, na sua colecao de Moluscos do Estado de Santa Catarina, 3 exemplares recentes do Bivalve-de-agua-doce ou Naiade Anodontites ( Ano dontites ) sp, representante da familia Mycetopodidae ( ver o nosso Boletim no. 10, Novembro de 2001 ), com registro no. 32 no Catalogo Interno Malaco logia do Museu.

Uma revisao preliminar, referencial e de campo, da Malacofauna Nao Marinha reportada para o Estado ( ficando excluida a Mesorregiao da Grande Floriano polis ( G.F. ) ; ver os Antecedentes apresentados em nossos Boletins AM nos. 10 e o presente ), jogou como resultado um total ate agora confirmado de 24 especies ( 23 gastropoda e 1 bivalvia ), registradas para 17 localidades especificas, a saber :

CLASSE PELECYPODA = BIVALVA ( Naiades ou Ameijoas-de-Agua-Doce )

Familia Mycetopodidae
-Anodontites ( Anodontites ) sp - 1

LENDA - LOCALIDADES DE REFERENCIA :

(A) Territorio do Estado em Geral

1.- Citado apenas para o Estado

Por fim, o levantamento inedito recente da malacofauna terrestre e dulcicola existente na mesorregiao da Grande Florianopolis ja foi amplamente comen tado por nos ( ver o nosso Boletim AM no. 10, Novembro de 2001 ), mesmo que inclui hoje um total de 34 especies ( 32 gastropodas e pelo menos 2 bi valves dulcicolas = ver os nossos Boletins AM nos. 1, 3, 4, 5, 6 e 10 ), detec tadas ou reportadas em/para 33 diferentes localidades : 20 no Municipio de Florianopolis ( 17 na Ilha de Santa Catarina e 3 no Continente ), 7 no Munici pio de Palhoca ( no setor Sul ), 5 no setor Norte ( 2 no Municipio de Sao Jo se, 2 no Municipio de Biguacu, e 1 no Municipio de Tijucas ), e 1 no setor Oeste ( Municipio de Sao Bonifacio ), taxonomicamente distribuidas em 28 generos, 17 familias e 2 classes, sendo consultadas basicamente as contri buicoes de Mansur & Veitenheimer ( 1975 ), ... , Mansur et al ( 1987 ), ... para ordenamento sistematico e determinacao especifica de especimes examina dos.

Resultados :

CLASSE PELECYPODA = BIVALVA ( Naiades ou Ameijoas-de-Agua-Doce )

Familia Sphaeriidae
-Eupera klappenbachi - 29

Familia Mycetopodidae
-Anodontites sp - 4, 5, 32

LENDA - LOCALIDADES DE REFERENCIA ( DE NORTE A SUL ) :

(A) Regiao Norte da Grande Florianopolis

Municipio Biguacu
4.- Sorocaba

Municipio Tijucas
5.- Canelhina

(B) Regiao Sul da Grande Florianopolis

Municipio Palhoca ( de Norte a Sul )
29.- Estrada Geral Praia do Sonho - Pinheira
32.- Sertao do Campo - via Paulo Lopes

BIVALVES DULCICOLAS - SUL BRASIL : Alem das informacoes anteriormen te apresentadas sobre as especies de Bivalves de Agua-doce ou Naiades o correntes no Sul do Brasil ( ver os nossos Boletins AM nos. 10 e 12 ), a lite ratura malacologica disponivel ( Parodiz 1968, pp. 6-7, 10 ) suministra os se guintes dados complementares, especificos para especies do Estado de Rio Grande do Sul - RS: Diplodon expansus, sob a sinonimia = Diplodon guahy bae ; Diplodon piceus, sob a sinonimia = Diplodon keresetzi ; e Diplodon mar tensi, sob a sinonimia = Diplodon sebastiani ; informacao esta oportuna para os efeitos de revisao sinonimica e atualizacao do trabalho malacologico pio neiro de Frederico Lange de Morretes ( 1949, pp. 17-30 ; 1953, pp. 39-40 ).


BOLETIM AM no. 14, MARCO 2002, ITEM no. 6

MEMORIA - MOLUSCOS E PESQUISA AMBIENTAL REGIONAL

Desde o ano de 1996, pequenas Auditorias Ambientais e Levantamentos Fau nisticos basicos integrais vem sendo feitos, a grosso modo, por nos na Me sorregiao capital da Grande Florianopolis, trabalhos hoje asumidos todos pelo Centro Integral de Educacao Ambiental Cachoeira ( CIEAC ) a partir da sua criacao, no mes de Maio do ano 2000, mesmos que abarcam a malaco fauna marinha, dulcicola / paludicola e terrestre local detectada no transcu rrir destes estudos autonomos ( ver os nossos Boletins AM nos. 2, 7, 8, 10, e 13 ), permitindo assim, alem, uma aproximacao ao conhecimento estrutural e integral do meio ambiente onde estas particulares criaturas se desenvolvem.

MUNICIPIO SUBALTERNO PALHOCA - AREA CONTINENTAL

( 1 ) REGIAO DA PONTA DO PAPAGAIO E ADJACENCIAS ( Agudo 2002 a )

Localizada frente ao extremo Sul da Ilha de Santa Catarina, sob o dominio marinho-costeiro das praias arenosas correspondentes a Enseada da Pin heira ( area com desenvolvimento Malacocultor Marinho de Ostreicultor e Mitilicultor ) e Praia do Sonho, setor final da Baia Sul da Ilha de SC, vizinhas alem da maior area natural protegida no Estado, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, cuja influenca geografica e hidrografica fluvial mixtura e deter mina uma exuberante biodiversidade local, a chamada Ponta do Papagaio na realidade ja foi, em tempo geologicamente recente, uma ilha conhecida como Papagaio Grande, vizinha imediata de outra menor chamada Papagaio Peque na ( hoje simplesmente Ilha do Papagaio ), que ha cerca de 20 anos acabou ficando ligada ao continente pelo movimento continuo das areias nas praias proximas imediatas, fenomeno consequencia da dinamica dos ventos e das correntes marinhas locais.

Considerada Area de Preservacao Ambiental por estar dentro da regiao a brangida pelo Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, entre os ambientes naturais ali presentes e caracterizados por nos destaca, em primeiro plano, a cobertura vegetal correspondente a Mata Atlantica, bastante preservada, em toda a extensao da Ponta. A continuacao seguem o Costao Rochoso, que contorna o promontorio, as Praias Arenosas antes citadas, alguns Campos Dunares e Restingas, alem de isolados remanescentes de Capinzais, apre sentando ainda, nas areas adjacentes vizinhas, Banhados onde se desenvol vem diversas plantas superiores de habitos paludicolas e aquaticos, sendo destaque a presenca abundante, verdadeira praga, da especie primitiva con hecida como Cavalinha ou Rabo-de-lagarto ( Equisetum giganteum ), mesma que invade por igual areas de Restingas, terrenos umidos e baldios, cantei ros, hortas e jardins onde predomine o solo arenoso. Outra especie local de interesse e a conhecida como Chapeu-de-couro ( Sagittaria montevidensis ), de flores brancas ou amareladas, frequente nos Banhados.

Terrenos baldios, nas zonas baixas e planas, atualmente se apresentam com situacao similar a descrita para Morro das Pedras ( na costa Leste-Sul da vi zinha Ilha de Santa Catarina ) : submetidos a processo expansivo de invasao , loteamento e urbanizacao.

Como nos casos anteriores, a regiao geografica compreendida pelo presente estudo carecia de qualquer tipo de levantamento faunistico terrestre, paludi cola ou marinho-costeiro especifico publicado ou conhecido.

Previo este reporte ja foram apresentadas alem, conjuntamente, algumas re lacoes acerca da Composicao Ambiental e Biota associada com as especies de Moluscos regionais detectados e levantados : 103 especies marinhas - 3 Poliplacoforos, 53 Gastropodos, 44 Bivalvos, 3 Cefalopodos - , 4 especies dulcicolas ou paludicolas - 1 Bivalvo, 3 Gastropodos - , e 10 terrestres - 3 Lesmas, 7 Caracois - ( ver os nossos Boletins AM nos. 7, 8, 9, 10, 12, e 13 ).


BOLETIM AM no. 16, MAIO 2002, ITENS nos. 3, 5 e 6

MALACOFAUNA LAGOA DO PERI - ANALISE REFERENCIAL

A Bacia do Peri, que comporta a Lagoa e Parque Municipal do mesmo nome ( CECCA 1997 ), encontra-se situada na faixa Sudeste da Ilha de Santa Catari na, e mais especificamente na regiao costeira Leste-Sul da ilha, enriquecen do a morfologia costeira desta, sentidamente diversificada na porcao central do litoral catarinense, sendo que, como antiga enseada ( ainda provavelmen te no inicio do periodo quaternario da evolucao geomorfologica ) foi ficando bloqueada em seu contato com o mar pelo processo natural de sedimenta cao, ate assumir a configuracao atual, mantendo hoje a Lagoa contato inter mitente com o Oceano Atlantico a traves do seu canal de despejo, mas nao sendo afetada pelas oscilacoes de mares, ocorrendo, pois, único direciona mento de fluxo - ligeiramente acima do nivel oceanico, tende a se comportar como uma lagoa suspensa, circunstancia que facilitou a sua rapida dessali nizacao, assegurada pela recepcao de fluxos fluviais e de agua de escoamen to superficial difuso proveniente das precipitacoes pluviais - ( Poli et al 1987, p. 3 ).*

* Informacoes gerais e visuais sobre a Lagoa do Peri podem ser obtidas a traves dos seguintes sites na Internet : http://www.guiafloripa.com.br/turismo/lagoas/perif.php3 http://www.ecoclub.com.br/cidades/florianopolis/lagoa_peri.html http://www.ufsc.br/prolarus/peri.html

Assim, ao mesmo tempo que reune condicoes de potabilidade em relacao as aguas da Lagoa, a regiao tornou-se habitat de uma diversificada fauna aqua tica ( peixes e crustaceos, sobre tudo ) e terrestre, propias todas em geral dos ambientes dominantes Restinga e Mata Atlantica, incluindo algumas es pecies de moluscos terrestres e paludicolas/dulcicolas, dos quais ja previa mente foram resenhadas 2 delas por nos para o setor marginal da Bacia co rrespondente ao Morro das Pedras, area de aproximadamente 16 hectares que comporta a Casa de Retiros Jesuita fundada em 1951 e construida com pedras do proprio local ( ver o nosso anterior Boletim AM no. 15, Marco de 2002 ).

A literatura disponivel ( Poli et al 1978, pp. 9, 40 e 41 ) apresenta a seguinte in formacao competente a Malacofauna detectada na regiao no transcurso de pesquisas limnologicas e biologicas de campo realizadas pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC durante o periodo compreendido entre os dias 1 a 20 de Fevereiro do ano de 1978 :

Poli et al ( 1978, p. 9 - cita textual ) ...

A analise do bentos - foi feita com amostras provenientes da Draga de Peter sen ... Este aparelho e arrastado com o barco, e sua penetracao e proporcio nal ao comprimento do cabo usado para arrasta-lo. Tal peltrecho foi usado na busca de moluscos gastropodes e pelecipodes.

Poli et al ( 1978, pp. 40-41 - citas textuais ) ...

3.1.4- BENTOS ... Dentre os representantes do bentos encontramos ... , mo luscos do genero Leila sp.(*) , Pomacea sp (**). Estes exemplares de molus cos foram encontrados na Regiao Sul da Lagoa. Os pelecipodes (*) somente foram encontrados no Rio Vivo.

(*) Muito provavelmente, trata-se da especie de Naiade ou Bivalve-de-agua-doce Leila blainvilleana, citada para o vizinho Estado do Rio Grande do Sul - RS ( ver o nosso Boletim AM no. 10, Novembro de 2001, item no. 5 ).

... Afora este tipo de molusco gastropode, nao encontramos outro exemplar desta natureza, ja que as analises bentonicas visaram apenas a fauna e a flora observadas a vista desarmada. Dentre os pelecipodes foi registrada apenas a presenca de um (******), todavia nao dentro da lagoa, mas no rio que nela desagua na regiao sul, denominado, no local, de rio Vivo. Tais mo luscos possivelmente pertencem ao genero Leila sp (******). Nao se teve con dicoes de precisar qual a importancia desses moluscos na cadeia alimentar formada dentro da Lagoa. Suas larvas devem ser aproveitadas na alimenta cao de peixes jovens quando sao componentes do zooplancton.

(******) Ver o nosso primeiro comentario ao respeito (*). De se confirmar a pre sencia de Naiades do genero Leila no local, estaremos entao ante mais um novo fato de caracter historico para a Malacologia Catarinense : o tambem primeiro reporte documentado conhecido ( ano de 1978 ) da sua existencia na Ilha de Santa Catarina e no Estado em geral, elevando assim a 3 o nume
ro de generos de bivalves dulcicolas ate agora conhecidos desta porcao te rritorial da Uniao ( ver os nossos Boletins AM nos. 10, 12 e 13 ), conforme a organizacao sistematica apresentada na literatura especializada disponivel
( Mansur et al 1987 ) :

Ordem 1 : UNIONOIDA

Familia : Mycetopodidae

Genero 1 : Anodontites ( especies no Estado ainda nao determinadas )

Genero 2 : Leila ( ainda nao confirmado para o Estado )

Ordem 2 : VENEROIDA

Familia : Sphaeriidae

Genero : Eupera

Especie : E. klappenbachi

Finalmente, as informacoes malacologicas especificas contidas na literatura aqui analizada ( Poli et al 1978 ), encontram-se alem refletidas, de forma abre viada , em posteriores laudos e informes tecnicos tambem referentes a Bacia da Lagoa do Peri ( IPUF 1978, p. nao numerada 44 ; Poli et al 1989, Tabela V - Moluscos ; Silva 1989 ; Lapolli et al 1990 (*******), pp. 19 e 20 - Tabela 06 ).

(*******) Particularmente na p. 18, onde e relacionada a vegetacao da Lagoa, cita-se a especie flutuante Eichornia crassipes ( Aguape ), reconhecido mi crohabitat da pequena especie de Bivalve Dulcicola ou Naiade Eupera kla ppenbachi ( Mansur & Veitenheimer 1975, p. 23 ; Mansur et al 1987, pp. 182, 184 ), o que representa a possibilidade da presenca tambem desta especie na regiao.


MALACO-NOTICIAS HISTORICAS DO PARANA - PR

Em breve passagem pela cidade de Curitiba, capital do Parana-PR ( vizinho Estado ao Norte de Santa Catarina-SC ) no passado dia 24 de Abril de 2002, visitamos o Museu Paranaense, localizado no antigo Paco Municipal, a Praca Generoso Marques*, onde tivemos ( pela primeira vez ) a maravilhosa oportu nidade de manusear as pecas originais da obra malacologica fundamental pi oneira do pesquisador Frederico Lange de Morretes, particularmente a sua o bra final postuma entregue pela familia apos o falecimento do autor ( Morre tes 1954 ), assim como valiosos e pouco conhecidos trabalhos no ambito ma lacologico nacional, tais como a obra sobre Bivalves de Agua-doce Paranaen ses do naturalista Ismael Fabricio Zanardini ( Zanardini 1960, 1965 ), das quais fazemos referencia a seguir :

*Sites : http://www.pr.gov.br/museupr ; http://www.pr.gov.br/phmate

( b ) ISMAEL FABRICIO ZANARDINI :

Em lineas gerais, o naturalista Zanardini ( 1960, 1965 ) estuda, em campo e gabinete, aspectos sobre a ecologia e a distribuicao geografica de Bivalves de-agua-doce, Naiades ou Anodontes, do Estado do Parana-PR. Da sua obra malacologica especifica ( 1965 ) destacamos as seguintes passagens ( tex tual ) :

( 1965, p. 1 ) : ... "A partir do ano de 1959, demos um pouco de interesse a co leta de moluscos de agua doce de nosso Estado e em particular dedicamo-nos aos estudos de Pelecypoda. ..."

( 1965, p. 3 ) : ... "Coletamos exemplares em epocas não periodicas, por cerca de quatro anos, principalmente nos rios de Curitiba e arredores, mas tambem em outras partes do Estado do Parana." ... ... Nos nossos rios de estrutura fundamentalmente arenosa ou argilosa, jamais encontramos repre sentantes de ambos os generos. Assim, entao presumimos que haja uma in tima relacao da estrutura Dom rio e a existencia dessas especies. Encontra mos entretanto, especies vivas em rios de fundo areno-argiloso." ...

( 1965, pp. 3-4 ) : ... "O processo manual, foi usado por nos, por ser conside rado o mais pratico e mais seguro. Atraves deste metodo poderemos coletar material, mesmo quando se tratar de aguas que ultrapassem a mais de um metro de profundidade turvas ou de grande correnteza ..."

( 1965, p. 4 ) : ... "Resultado excelente, foi obtido com um sistema de tamiza cao, tipo milimitrada."

"Os exemplares foram em sua maioria encontrados em regiao areno-argilo sa, total ou parcialmente enterrados. Os representan tes do genero Diplodon, foram encontrados isoladamente ou constituindo as vezes, verdadeiros ban cos, sendo indiferente a sua distribuicao no leito do rio variando tambem a sua profundidade."

"As especies de Anodontites, pelo menos em que pudemos observar em no ssas aguas, sao mais frequentes nas partes rasas dos rios, ocupando rara mente o centro deste. Somente as conchas sao encontradas e com mais fre quencia nas margens dos rios. Presumimos que as numerosas conchas en contradas nas margens dos rios sejam devido ao abaixamento do nivel da agua, que ocasiona a morte destes Pelecypoda e consequente acumulacao de conchas." ... ... "Nos rios onde verificamos estar a agua poluida, nao en contramos exemplares vivos, o que, provavelmente seja um fator desfavora vel ao desenvolvimento." ...

( 1965, p. 8 ) : "Pelas coletas e observacoes efetuadas nos rios de Curitiba e arredores, compreendidas no periodo de agosto de 1959 a dezembro de 1963 ," ...

( 1965, p. 9 ) : ... "Constatamos a existencia dos generos; Diplodon (Spix, 1827 e Anodontites Bruguiere, 1792." ...

... "o genero Diplodon Spix, 1827; e o mais abundante, tendo como especies:
Diplodon supositus Simpson, Diplodon multistratus (Lea), Diplodon charrua nus (Orb), 1835, Diplodon expansus (Kuster), todas com alta frequencia nos rios por nos visitados."

... "Anodontites Bruguiere, 1792 esta representado por uma única especie - Anodontites tenebricosa (Lea, 1834), aparece em menor frequencia."

... "Todas as especies preferem agua pura."

... "... a ocorrencia destes animais, e indiferente com a profundidade e o volu me da agua dos rios."

... "Ha abundancia desses animais em nossos rios."

BALANCO DE OUTONO NO CELA

O segundo Outono do seculo 21 entrou no Hemisferio Sul Brasileiro a partir das 16 horas da passada Quarta-feira 20 de Marco de 2002, e particularmente no Estado de Santa Catarina com um acentuado clima de estiagem ( seco e quente ), extensao do riguroso Verao registrado neste ano a nivel da regiao costeira, mesmo que so vai amenizar em consequencia das chuvas intermi tentes e ondas climaticas frias atmosfericas acontecidas em forma irregular a partir da primeira semana do passado mes de Abril.

Sob estas circunstancias, mais uma vez foi feito em nosso Caracolario Expe rimental ( CELA ) um breve balanco geral, sendo obtidos os seguintes resul tados : ...

Outros moluscos, terrestres e aquaticos presentes nas instalacoes do CELA, ja reportados anteriormente ( ver os nossos Boletins AM nos. 6, 9 e 10 ) e de tectados em vida livre ou mantidos em condicoes artificiais durante o perio do foram : ...

-Eupera klappenbachi ( minuscula Naiade ou Bivalve-de-agua-doce, tambem nao consegue sobreviver, no final, as condicoes oferecidas no CELA ( ver o nosso Boletim AM no. 10, Novembro de 2001 ), restando igualmente so as suas conchas, incorporadas tambem a nossa colecao Conquiliologica ).

- REFERENCIAS

Agudo, A. Ignacio. 1996. Projeto Ecoturistico. Florianopolis: Jornal ANCa pital, Quarta-feira 09 de Outubro de 1996, p. 2.

Bonetto, A.A. 1964. Las especies del genero Diplodon ( Moll. Unionacea ) en los rios de la pendiente atlantica del sur del Brasil. Physis, B. Aires, t. 24, n. 68, p. 323-328.

CECCA (Centro de Estudos Cultura e Cidadania). 1997a. Unidades de con servacao e areas protegidas da Ilha de Santa Catarina, Caracterizacao e Legislacao. Florianopolis : Ed. Insular, 160 p.

CECCA (Centro de Estudos Cultura e Cidadania). 1997b. Uma cidade numa ilha : relatorio sobre os problemas socio-ambientais da Ilha de Santa Ca tarina. Florianopolis : Ed. Insular, 2da. Edicao, 247 p.

Cordazzo, Cezar Vieira & Ulrich Seeliger. 1995. Guia Ilustrado da Vegetacao Costeira no Extremo Sul do Brasil. Rio Grande : Editora da FURG, 275 p.

Cummings, Kevin S. 1999. Freshwater Mussel ( Unionoida ) Genera of the World. Disponivel na Internet : http://www.inhs.uiuc.edu/~ksc/MusselGenera.html

Cummings, Kevin S. 2001. Southern Brazilian Freshwater Mussels Sinoni mies ... Cartas e-mail ( 2 ) depositadas nos arquivos de correspondencia do CIEAC, datadas Illinois-USA 22 e 24 de Setembro de 2001, 1 e 7 p. impressas.

Cummings, Kevin S. & Christine A. Mayer. 1997. The Freshwater Mussels ( U nionacea & Mutelacea ) of Venezuela. Disponivel na Internet : http://www.inhs.uiuc.edu/cbd/main/collections/mollusk_links/SA/Ven.html

Globo, Editora. 1994. Escargot - mais que um simples caracol. Sao Paulo : Revista Globo Rural, Ano 10, no. 101 - Especial, Marco de 1994, pp. 24-34.

IPUF - Instituto de Planejamento Urbano de Florianopolis. 1978. Plano Dire tor do Parque da Lagoa do Peri. Florianopolis : IPUF, Documento Tecnico, 146 p. nao numeradas.

Ituarte, Cristian F. 1989. Los generos Byssanodonta d'Orbigny, 1846, y Eupera Bourguignat, 1854 ( Bivalvia : Sphaeriidae ) en el area Paranopla tense. Descripcion de Eupera iguazuensis n. sp. Del Rio Iguazu, Misiones, Argentina. Nootropica ( La Plata ), 35 (93) : 53-63.

Ituarte, Cristian. 1994. Eupera guaraniana N. SP. ( PELECYPODA : SPHAERII DAE ) del Rio Uruguay, Argentina ( com titulo paralelo em Ingles ). Gayana Zool., 58 (1) : 1-7.

Ituarte, Cristian F. 2001. Sudamerican Freswater Mussels Sinonimies. Cartas e-mail ( 2 ) depositadas nos arquivos de correspondencia do CIEAC, datadas La Plata - Buenos Aires, Argentina 3 e 4 de Outubro de 2001, 2 p. impressas.

Ituarte, Cristian F. & Maria Cristina Dreher Mansur. 1993. Eupera elliptica n. sp., una nueva especie en el rio Iguazu, Misiones, Argentina. Neotropica, 39 (1) : 11-16.

Korniushin, Alexei V. 2001. Southern Brazil Freswater Mussels. Carta e-mail depositada nos arquivos de correspondencia do CIEAC, datada Ucrania 2 de Outubro de 2001, 1 p. impressa.

Lapolli, Edis Mafra ; Jose Carlos Moreira, Soraia Marinon Zardo & Valci Francisco Vieira. 1990. Carta dos Elementos do Meio Ambiente - Parque da Lagoa do Peri, Memorial Descritivo e Mapa Escala 1:10.000. Florianopolis : LARS/SC, Relatorio Tecnico, 24 p.

Mackie, Gerry. 2001. Southern Brazil Freswater Mussels. Carta e-mail depo sitada nos arquivos de correspondencia do CIEAC, datada California-USA 26 de Setembro de 2001, 2 p. impressas.

Magalhaes Filho, Celio Ubirajara. 1991. Revisao Taxonomica dos Carangue jos Dulcicolas da Familia Trichodactylidae ( Crustacea : Decapoda : Brachyu ra ). São Paulo : USP, Tese Doutor em Ciencias area Zoologia, 278 p.

Magalhaes, Celio. 1999. Familia Trichodactylidae ( caranguejos braquiuros da agua doce ). Em : Os Crustaceos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre : Editora da Universidade/UFRGS, Capitulo 26, pp. 486-490.

Mansur, Maria Cristina Dreher. 1970. Lista dos moluscos bivalves das fami lias Hyriidae e Mycetopodidae para o Estado do Rio Grande do Sul. Iheringia ( Ser. Zool. ), ( 39 ) : 33-95.

Mansur, Maria Cristina Dreher. 2001. Bivalvas de Agua Doce em SC. Carta e-mail depositada nos arquivos de correspondencia do CIEAC, datada RS 3 de Outubro de 2001, 1 p. impressa.

Mansur, Maria Cristina Dreher & Cristian Ituarte. 1999. Morphology of Eupera elliptica Ituarte & Dreher-Mansur 1993, with comments on the status of the genera within the Euperinae ( Bivalvia : Sphaeriidae ). Malacological Review, Suppl. 8, Freswater Mollusca I, pp. 59-68.

Mansur, Maria Cristina Dreher & Inga Ludmila Veitenheimer. 1975. Nova espe cie de Eupera ( Bivalvia : Sphaeriidae ) e primeiros estudos anatomicos den tro do genero. Iheringia ( Ser. Zool. ), ( 47 ) : 23-46.

Mansur, Maria Cristina Dreher ; Carla Schulz & Liana Mercedes Maria Pares Garces. 1987. Moluscos Bivalves de Agua Doce : Identificacao dos Generos do Sul e Leste do Brasil. Acta Biologica Leopoldensia, 9 ( 2 ) : 181-202.

Morretes, Frederico Lange de. 1949. Ensaio de Catalogo dos Moluscos do Brasil. Curitiba : Arquivos do Museu Paranaense, vol. VII, art. 1, pp. 5-216.

Morretes, Frederico Lange de. 1953. Addenda e Corrigenda ao Ensaio de Ca talogo dos Moluscos do Brasil. Curitiba : Arquivos do Museu Paranaense, vol. X, art. 2, pp. 37-76.

Naka, Luciano Nicolas & Marcos Rodrigues. 2000. As Aves da Ilha de Santa
Catarina. Florianopolis : Editora da UFSC, 294 p.

Padron, A. Ignacio Agudo. 1999. Fauna geral e Flora marinha notavel da regiao costeira centro-leste da ilha de Santa Catarina, pp. 81-116. Em : Mar de Sangue. Florianopolis : Ed. Crifasemar, 135 p.

Parodiz, Juan Jose. 1968. Annoteted catalogue of the genus Diplodon ( Unionacea - Hyriidae ). Sterkiana, 30 : 1-22.

Parodiz, J.J. & A.A. Bonetto. 1963. Taxonomy and zoogeographic relation ships of the South American Naiades ( Pelecypoda : Unionacea and Mute lacea ). Malacologia, v. 1, n. 2, pp. 179-213, 17 f. Michigan.

Parodiz, Juan Jose & L. Hennings. 1965. The Neocorbicula ( Mollusca, Pele cypoda ) of the Parana-Uruguay basin, South America. Annals of Carnegie Museum, 38 : 69-96.

Poli, Carlos Rogerio ; Fernando Sniziek & Paulo F. de Araujo Lago. 1978. Levantamento da Fauna Aquatica da Lagoa do Peri. Florianopolis : UFSC ( CCA ) - IPUF, Relatorio Tecnico, 68 p.

Poli, Carlos Rogerio ; Nelson Silveira Jr., Francisco Carlos da Silva, Annia Teclia Bassanesi Poli & Claudia Miranda e Soto Queiroz. 1989. Analise Am biental Lagoa do Peri - Ecossistema Aquatico - . Florianopolis : UFSC ( CCA/AQI ) - LARS/SC, Relatorio Tecnico, 34 p.

Ribas Junior, Salomao. 1998. Retratos de Santa Catarina. Florianopolis : Edi cao do Autor, 159 p, 4 mapas.

Ruhland, J. & K. Saalfeld. 1987. Ocorrencia e distribuicao de algumas espe cies de moluscos marinhos da Ilha de Santa Catarina, Brasil (Gastropoda, Bivalvia). Ilheringia, Ser. Zool., Porto Alegre, (66) : 83-94.

Santos, Eurico. 1982 b. O Mundo dos Artropodos. Belo Horizonte : Editora Itatiaia Limitada, Colecao Zoologia Brasilica, Vol. 8, 197 p.

Santos, Silvio Coelho dos. 1974. Nova Historia de Santa Catarina. Floriano polis : Lunardelli Representacoes, 124 p.

Silva, O.G. da. ( Coordenador ). 1989. Analise Ambiental da Bacia do Peri. Flo rianopolis : CNPQ - LARS/SC, Relatorio Tecnico, Vol. 2, 161 p ( citado em : Lapolli et al 1990, pp. 20 e 24 ).

Vieira, Marcio Infante. 1986. Alimentos Vivos : Producao e Coleta para Ras, Passaros, Peixes, Animais de Aquario, Animais de Terrario. Sao Paulo : Li vraria Nobel S. A. Editora - Distribuidora, 117 p.

Watters, G. Thomas. 1996. American Freshwater Mussels. Disponivel na Internet : http://coa.acnatsci.org/conchnet/uniowhat.html .

Zanardini, I. F. 1965. Nota sobre Diplodon e Anodontites ( Mollusca Pelecypo da ) de rios de Curitiba ( Parana ). Bol. Inst. Defesa Patrimon. Nat., Curitiba, Zool., no. 6, 11 p., 2 est., 1 map.

Zanardini, Fabricio I. 1960. Notas introdutorias ao estudo da distribuicao dos Generos Diplodon, Anodontites, Castalina e Castalia no Parana. Apresentada no 1o Congresso de Zoologia do Rio de Janeiro ( citado em : Zanardini 1965 ).


AVULSOS MALACOLOGICOS
Boletim Informativo do CIEAC
Especial IV - Coletanea Naiades ou Anodontes
Ano II , no. 16-A , Maio de 2002

EDITOR: A. Ignacio Agudo P.,

E-MAIL:
iagudo@lycos.com

SITE:
http://www.intergate.com.br/malacologia

CORREIO:
Caixa Postal 010,
88010-970 Centro, Florianopolis,
Santa Catarina-SC,
Brasil.